sexta-feira, 21 de setembro de 2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Me acorde quando setembro acabar



[Wake me up when september ends, Green Day]



Setembro: ipês amarelos perdendo suas flores, amoreiras carregadas de pura rouxidão.
Atravesso setembro entre colinas, entre morros, entre altos e baixos. Em pura solidão.
Setembro: estradas se perdendo no horizonte, pó sobre os móveis da casa
atravesso setembro entre os escombros, entre o sair e o pular do quinto andar. Sem asas.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Travessia




Travessia

(Milton Nascimento e Fernando Brant)

Quando você foi embora fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha, e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho prá falar

Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu canto, vou querer me matar

Vou seguindo pela vida me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver

Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu canto, vou querer me matar

Vou por aí...não vou por aí

[Lisboa, Maio/2012]

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sobre o regresso

[Fragmento poético de Antônio Gedeão]



De volta à casa não mais minha ou nossa. De volta a uma vida estranha em que me sinto uma intrusa a penetrar corredores arruinados por mim mesma e pelos outros transeuntes desses meses que se arrastaram. Volto aos pedaços e não há cola que consiga aderir os fragmentos e me faça me sentir melhor ou, ao menos, ter a ilusão de o estar. Volto para juntar esses pedaços e tentar desfazer o nó que eu mesma atei em minha vida. Volto para tirar o pó da sala, dos livros, dos cd's e transportá-los, possivelmente, para um lugar que sequer imaginei, sequer sonhei para mim. Volto para tentar ser o que não fui, para tentar ser eu-mesma, para tentar não achar estranho o estranho com que me deparo. Volto para buscar ser feliz e, também, fazer alguém feliz. Volto para tentar não ser mais um coração vazio e solitário que teve a felicidade, a mais bela flor do campo dos amantes, nas mãos e não soube o que fazer com ela. Volto de mãos vazias e a mala cheia de lembranças e memórias e lugares, mas em nenhum deles há um rosto conhecido e amigo que revele a eternidade, apenas a efemeridade do trânsito, das coisas e das relações. Volto porque busco um lar. O que tive já não há. Resta, agora, desatar os nós dos sapatos, abrir os botões da camisa, depositar os óculos no criado-mudo e, com os olhos embaçados de tristeza, lágrimas e dor, com a garganta sufocando o grito que quer sair e não encontra forças, com os ombros caídos e fatigados do peso do mundo, recomeçar a vida. Por mais que doa não enxergar a beleza dela.