[Ilustração de George Barbier mostrando Nijinsky como fauno, dançando o balé L'après-midi d'un faune]
Fauno incauto
que atravessas, sorrateiramente,
a porta da noite escura
em passos lentos
com beijos sedentos
toca a doce boca
da flauta de pã
Fauno incauto
de incerto destino
que desatina
meu juízo
em braços longos
com abraços mornos
toca essa alma
vã
Fauno incauto
que bailas
na floresta escura
da vida
em doces toques
com suspiros em frenesi
ri de si mesmo
em ânsia pagã
Fauno incauto
de grandes cílios
que encobrem
o meu mundo
em um piscar
de delicadeza profunda
que abre a manhã.
[Jac. 06/12/12]