domingo, 14 de abril de 2013




arvoremente

uma árvore está crescendo dentro de mim, mesmo que eu queira, ainda seja, aquela pequena semente empacotada, aquela amassada, no pacotinho ou no saco da casa agrícola. aquela, a que fica no meio ou no fim mesmo da rua. aquela atrás, sempre esperando os nossos sapatos sobrepostos sobre ela, aquecendo seus simples silenciosos salientes soterrados paralelepípedos. sobretudo, o que eu quero, ou melhor, gostaria ardentemente te dizer, recai igualmente, é: meu coração, ou, uma vez, zona atrapalhada atravessada arrebatada alvoroçada a esperar, ardentemente tenaz, zarpando ou, unicamente temerosamente mais, sobre este estágio orgulhoso e fechado ou, urbanamente, esquecido, que és estátua majestosa sobretudo, ou mais sinceramente, és sábia majestosa, a por deus esculturada, a mais confusa dor do dia, a mais silenciosa dor recaindo dolentemente, teoricamente… teoria que eu não ouso obliterar. rapidamente estás sentenciando que eu não sei imprimir ruprestemente em meu único órgão ou membro, o qual, lentamente, é tatuado ou marcado orgulhosamente em carne. eu vivo em carne, eu vivo ouvindo o seu único, o seu úmido, o seu tímido orgulho orgástico orgânico coração.

(Jac. 13/03/13)

sábado, 13 de abril de 2013

Fecho os olhos pra não ver

(Clarice Lispector)



fecho os olhos para não ver o fora
e, afora isso, vejo o que em mim chora


(De mis costumbres morbidas, Erika Kuhn)

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Clarice me diz:






"(…) Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. É porque ainda sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa."