terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Fauno Incauto

[Ilustração de George Barbier mostrando Nijinsky como fauno, dançando o balé L'après-midi d'un faune] 


Fauno incauto
que atravessas, sorrateiramente,
a porta da noite escura

em passos lentos
com beijos sedentos
toca a doce boca
da flauta de pã

Fauno incauto
de incerto destino
que desatina
meu juízo

em braços longos
com abraços mornos
toca essa alma

Fauno incauto 
que bailas
na floresta escura
da vida

em doces toques
com suspiros em frenesi 
ri de si mesmo
em ânsia pagã

Fauno incauto
de grandes cílios
que encobrem
o meu mundo

em um piscar 
de delicadeza profunda
que abre a manhã.

[Jac. 06/12/12]