"ainda que eu não tenha paragens. ainda que o trânsito de lá para
cá me atravesse. ainda que não haja um ponto zero no meu mapa. ainda que a
saudade brote, feroz, canina, mortífera. ainda que ela venha e volte, alguns
dias acomodada, silente. em outros, como hoje, voraz, devoradora. fotogramas
acendendo e apagando na tela vazia: um amanhecer enevoado de Inácio Martins, o
pôr-do-sol mais lindo da aldeia em Guarapuava, o mar dividido entre as pedras e
as casas empoleiradas em Florianópolis, as fuligens negras cobrindo os azulejos
em Jacarezinho, a chuva despudorada, molhanãomolha, e cheirosa de Londrina, o
gosto da Augusta em São Paulo..."A saudade é prego parafuso/quanto mais
aperta tanto mais difícil arrancar/ A saudade é Brigitte Bardot/Acenando com a
mão/num filme muito antigo"
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